por Suelen Hofrimann em 06/07/2022
A transformação digital na indústria e no setor de serviços vem influenciando profundamente a forma como as empresas oferecem seus produtos e como a sociedade os consome.
E sim, quando digo produtos, estou também falando de serviços, pois as duas coisas podem andar lado a lado na era da servitização, um conceito que vamos esclarecer no decorrer deste artigo.
Tais mudanças são resultado da evolução da tecnologia, que ampara os serviços com soluções inovadoras e eficientes. Mas, além disso, também são uma resposta ao comportamento do consumidor e às necessidades da sociedade.
Assim, de antemão podemos dizer que a transformação digital tanto na indústria quanto no setor de serviços é mais ampla do que parece. Não se trata apenas das empresas e do que é mais vantajoso para elas, mas também, e principalmente, de como podemos aproveitar as oportunidades que a tecnologia oferece para sanar os desejos e dores das pessoas.
Por isso, nesse artigo vamos desbravar melhor o que tudo isso significa. Continue a leitura.
Não há como negar que a tecnologia gera diversas oportunidades para empresas de todos os tamanhos, tipos e segmentos. Veja o seguinte exemplo: de acordo com pesquisa realizada pela McKinsey, a inteligência artificial aplicada na manutenção preditiva, pode representar redução de 40% nos custos, aumento da vida útil do maquinário em 20% a 40% e redução do tempo de inatividade de máquinas em até 50%.
Todas essas otimizações resultam no aumento da eficiência, uma moeda valiosa nos tempos atuais. Nesse contexto, a digitalização dos negócios está consolidada como meio de suportar as mudanças necessárias para o crescimento das empresas.
No entanto, é preciso observar outros pilares além da tecnologia: processos e pessoas. As pessoas são a parte mais importante da transformação digital em qualquer setor. Inovações tecnológicas devem servir para ajudá-las, dentro e fora das empresas.
E tanto as indústrias quanto o setor de serviços estão sendo impactados pelas necessidades e demandas geradas por um novo perfil de consumidor. Mas onde esses polos que sempre foram tratados como distintos se encontram?
Enquanto o setor de serviços busca evoluir a interação com os clientes através de soluções que permitam a criação de uma experiência omnichannel, com muita influência de tecnologias voltadas para inteligência artificial e big data, a indústria experimenta novos modelos de negócios provocados pela tendência da servitização. Já ouviu falar sobre esse termo?
Servitização é o movimento de agregar a prestação de serviços na oferta dos produtos para criação de valor ao cliente. Em outras palavras, é quando uma empresa decide que ao invés de vender o seu produto usará o mesmo como um meio para prestação de serviços.
Um exemplo disso são as locadoras de carros e as lavanderias especializadas. Muitos desses negócios são operados por indústrias que fabricam os produtos utilizados nesses serviços, como é o caso das lavanderias OMO.
Outro exemplo de servitização é a Luggo, da MRV. Uma empresa cujo conceito consiste em alugar espaço de moradia completo com diversos serviços integrados que podem ser contratados mensalmente. Perceba que a ideia, nesse caso, é oferecer o serviço de moradia ao invés de vender o imóvel.
Não é difícil entender o que é servitização, mas na prática, pode ser bastante complexo conceber essa transformação no modelo de negócio das empresas. Mesmo assim, a consultoria Accenture estima que 29% do faturamento da indústria mundial já é proveniente da prestação de serviços. E que, nos próximos 10 anos, essa fatia deve chegar a 60%, segundo publicado em matéria da Insper.
De fato, a servitização aproxima o conceito de indústria e prestação de serviços e gera diversas oportunidades de negócios, além de uma otimização dos recursos, criação de ofertas mais atrativas, expansão das possibilidades de marketing e acessibilidade aos produtos, especialmente os de alto valor.
Existem diversas possibilidades tecnológicas que podem agregar valor às operações mais digitalizadas. Um dos quesitos mais importantes para a aplicação de qualquer uma delas é a capacitação da mão de obra que irá gerenciá-las, pois é necessário compreender os cenários, as dores e as necessidades de cada modelo de negócio para aplicar estratégias eficientes.
A desmaterialização do conceito de produtos para a aderência dos serviços depende de cada mercado e de como o cliente encara o consumo. Mas, geralmente, significa assumir todas as manutenções e recorrências enquanto o contrato existir.
Sendo assim, a sustentação do negócio passa a ser pautada na experiência do cliente e para garantir o sucesso nesse quesito, as empresas precisam construir processos digitais, sólidos e eficientes.
Cada vez mais precisaremos amadurecer os processos para atender bem às pessoas através da tecnologia. Independente se estamos falando de indústria ou de serviços. Afinal, se repararmos bem, isso é transformação digital em sua essência.
Leia também: Governança corporativa na era digital: entenda a importância
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