Como desenvolver a inteligência emocional na crise?
por Suelen Hofrimann em 23/04/2020
Autocontrole, autoconhecimento e calma são essenciais em momentos de crise, mas se você sente que não tem nenhum desses três elementos precisa entender como desenvolver a inteligência emocional.
Isso será muito importante neste momento em que os ânimos de todos estão à flor da pele. Com mais de um terço da população mundial em quarentena teremos que gerenciar muitas emoções até que isso tudo passe.
Então eu vou te mostrar como desenvolver a inteligência emocional para lidar com as emoções sem pirar.
O que é e como desenvolver inteligência emocional
O estresse causado pelas mudanças repentinas, medos e incertezas do momento podem desencadear, não só ansiedade, mas também estresse, depressão e síndrome de Burnout.
Nada substitui o acompanhamento médico e o uso de medicamentos, mas desenvolver a inteligência emocional é essencial para tomar o controle dos sentimentos e ter uma vida melhor até depois da quarentena.
Para quem não está familiarizado com o tema vou explicar o que é inteligência emocional:
O lado emocional do nosso cérebro é mais rápido que o racional, por isso, muitas vezes reagimos no calor do momento, enquanto a razão ainda está processando informações e estímulos.
Aprimorar a razão e controlar emoções só é possível com uma profunda autoconsciência que pode ser construída com exercícios diários.
Pessoas emocionalmente inteligentes não estão imunes a sofrer com doenças como ansiedade, mas geralmente estão menos suscetíveis por conseguirem controlar algumas emoções.
Como o país mais ansioso do mundo lida com a quarentena?
Se não está fácil para ninguém, imagina para o país mais ansioso do mundo! Segundo relatório divulgado pela OMS, o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas no mundo, sendo mais de 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população).
A epidemia da ansiedade é mais antiga que a do Coronavírus, a diferença é que, este mal, nunca parou o Brasil, as pessoas simplesmente continuaram e continuam suas vidas vivendo de forma ansiosa, muitas vezes sem procurar tratamento.
Isso porque o tabu em relação ao uso de medicamentos ainda persiste, por conta da desinformação e da existência de muitos mitos, como que a pessoa vai viciar, engordar ou ficar impotente.
Neury Botega, psiquiatra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explicou em matéria para a Revista Exame como eram tratados os sintomas de ansiedade antigamente:
“Ou usávamos drogas bem pesadas, como barbitúricos, ou as que existem até hoje, como as faixas pretas, os benzodiazepínicos. Por isso, nós vimos várias tias, avós, viciadas em remédios e essa é uma das imagens gravadas quando pensamos em tratamentos psiquiátricos”.
Ele explicou que depois dos anos 1990, com a popularização da fluoxetina, comercializada como Prozac, o paradigma do tratamento da ansiedade começou a ser desfeito. Hoje, na maioria das vezes a doença é tratada com uso de medicamentos que aumentam a atividade de um neurotransmissor chamado serotonina.
O tratamento para a ansiedade pode durar um tempo ou levar a vida inteira, mas alguns estímulos podem ajudar o paciente a ter mais qualidade de vida:
“Ansiedade é como pressão alta: quando descontrola, às vezes é para sempre. Você pode controlar com atividade física, meditação, terapia, mas ela vai estar sempre ali te ameaçando”, diz Martins de Barros.
Um desses estímulos é o desenvolvimento da inteligência emocional. Então vamos ver algumas dicas que podem ajudar com isso:
Entenda e nomeie suas emoções
“Engole o choro” – Já ouviu ou falou isso?
Muitos de nós fomos ensinados desde pequenos a reprimir emoções e isso é extremamente tóxico para o cérebro. O estado de negação só piora as coisas, então é importante compreender os sentimentos, por pior que eles pareçam.
O cérebro humano é programado para buscar a sobrevivência sempre, seja economizando em gasto energético ou identificando situações de perigo para evitá-las.
Normalmente as emoções são inconscientes e quando paramos para refletir, permitimos que o lado racional do cérebro as conheça, analise e reaja. Por isso sempre procure um nome para o que você está sentindo.
É possível entender as emoções de diversas formas: fazendo terapia, conversando com alguém, falando sozinho, escrevendo em um papel e rasgando depois, escrevendo um diário mas acima de tudo se conhecendo.
Converse
Complementando o tópico anterior, uma das melhores formas de desenvolver inteligência emocional, durante ou depois da quarentena, é conversando. Falar dos nossos sentimentos nos ajuda a gerenciá-los e diminui seus efeitos negativos sobre nós.
Como somos seres sociáveis, passar situações difíceis em conjunto traz conforto e reforça a sensação de que tudo vai ficar bem.
Falar com um amigo ou com alguém de confiança nos ajuda a estabilizar o que estamos passando e a nos sentir mais conectados e apoiados.
Filtre informações
Durante a quarentena existe uma linha tênue entre o consumo de informações que podem preservar vidas e as manchetes sensacionalistas, fake news e notícias de teor negativo que podem levar a população ao pânico.
Pessoas emocionalmente inteligentes filtram não só emoções mas também informações. Consuma notícias de fontes confiáveis e, se for preciso, desligue a televisão durante algum tempo. Conserve sua saúde mental.
Tenha bons hábitos
Hábitos saudáveis também ajudam a desenvolver a inteligência emocional. Dormir bem, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos favorece a sua saúde mental.
Diversos estudos apontam que exercícios físicos, por exemplo, podem diminuir a incidência de depressão nas pessoas que o praticam regularmente.
A prática de esportes libera diversos neurotransmissores que causam bem-estar no cérebro, entre eles a endorfina, que é o hormônio do prazer.
Ocupe seu tempo com qualidade
Durante a quarentena existem dois tipos de pessoas:
1- As que estão fazendo home office e acabam trabalhando dobrado;
2- E as que não estão conseguindo trabalhar e estão com muito tempo livre.
Os dois tipos estão sendo prejudicados em algum grau. O primeiro porque pode ficar sobrecarregado e o segundo porque pode estar sofrendo de tédio, culpa e com muito tempo livre para ficar pensando em vírus, desemprego, contas para pagar e por aí vai.
Independente de quem você seja nessa quarentena, a recomendação é a mesma: Ocupe seu tempo fazendo coisas por você e pela sua família.
Cumpra seus horários e pare de trabalhar mais do que deve. Faça algo divertido como: assistir um filme, ler um livro, fazer uma vídeo chamada com os amigos e a família, assistir a live de um cantor que você gosta e descansar.
Se você está com o dia todo livre, aprenda algo novo nesse período. Pode ser um idioma, um curso, algo que vai te ajudar no mercado de trabalho ou algo que te dê prazer: música, pintura, desenho, artesanato… Muitas dessas atividades têm poder terapêutico.
A Inteligência emocional pode ser alcançada por todos!
Neste post você viu como desenvolver a inteligência emocional para controlar emoções, não só durante a quarentena da COVID-19, mas pela vida toda.
Todos podemos desenvolver essa habilidade, basta compreender que este exercício deve ser constante. Muitas outras coisas podem ser feitas para ajudar sua saúde mental, como meditação e leitura de livros sobre esse tema.
Se hoje você não se sente no controle das próprias emoções e sabe que precisa melhorar fique tranquilo pois isso é normal, a partir de agora você tem todas as armas para começar a treinar seu cérebro.
Gostou das dicas? Queremos saber, deixe sua opinião nos comentários.
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