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O que é Antifrágil e como evoluir em meio ao caos?


 Você sabe o que é ser antifrágil? Pela lógica poderíamos dizer que Antifrágil é algo resiliente, mas não se trata disso. Ser antifrágil é crescer em situações de desordem e ser capaz de aprender e se ajustar com o imprevisto.

O antifrágil se beneficia do caos, mas como isso é possível? Resistindo ao impacto? Se isso significa entrar e sair intacto de situações inesperadas, com certeza não é isso. Ser antifrágil é justamente se transformar em circunstâncias assim.

Mas eu vou te explicar como empresas podem aderir essa filosofia para evoluir em situações de caos.

 

De onde surgiu o antifrágil

 Antifrágil é um termo criado pelo financista e escritor Nassim Taleb, um grande nome do mercado financeiro que, atualmente, além de escrever, se dedica à vida acadêmica em matemática e filosofia.

O autor já escreveu obras como:

Tirando o título “Arriscando a própria pele”, os demais livros fazem parte de um box intitulado incerto. Taleb costuma dizer, inclusive, que essas obras surgiram uma da costela da outra, o que explica o fato dele falar do termo Antifrágil em outros livros. Apesar disso, é na obra de 2012 que ele se aprofunda no tema. 

 

O que é Antifrágil?

 Antifrágil é uma palavra nova, criada pelo próprio Taleb, veja o que ele diz em seu livro:

Algumas coisas se beneficiam de choques; elas prosperam e crescem quando expostas a volatilidade, aleatoriedade, desordem e estressores e adoram aventura, risco e incerteza. No entanto, apesar da onipresença do fenômeno, não há palavra para o exato oposto de frágil. Vamos chamá-lo de antifrágil. A antifragilidade está além da resiliência ou robustez.“- Nassim Taleb

 Na sequência ele explica que algo robusto ou resiliente muitas vezes permanece intacto em circunstâncias de crise, já o antifrágil se transforma, e até gosta de situações de erro, caos e desordem pois é nessas ocasiões que ele evolui.

Para Taleb existe uma tríade que serve para todos os sistemas: frágil, robusto e antifrágil. Vamos entender cada uma:

 

Frágil x Robusto

 Na visão do autor é muito importante entender o que é frágil e robusto, para enfim compreender o que é antifrágil. Para isso ele usa exemplos históricos e mitológicos.

 O exemplo que ele dá para explicar o que é frágil é o da Espada de Dâmocles, uma lenda que faz parte da antiga cultura grega. 

A história fala sobre Dionísio, um rei que era muito poderoso e invejado, e Dâmocles, um cortesão bajulador, que vivia dizendo que a vida do rei era perfeita. Certa vez, Dionísio decidiu fazer uma proposta para o homem e sugeriu que trocassem de lugar por um dia.

 O cortesão amou a ideia, ocupou o lugar do rei e aproveitou muito, enquanto pôde. Até que, em certo momento, ele olhou para cima e percebeu que havia uma espada afiada pendurada por um fiozinho frágil, prestes a cair em sua direção e matá-lo fatalmente. Quando percebeu essa ‘fragilidade’, Dâmocles perdeu a vontade de continuar curtindo as delícias do reino. 

 A verdade é que, ao deixar Dâmocles assumir seu trono por um dia, Dionísio queria dar uma lição no cortesão e mostrar como, apesar das regalias, a sensação de ser rei era a de ter uma espada prestes a matá-lo a qualquer momento.

 Assim como nessa história a espada representa as fragilidades do reino que preocupavam o rei, quantas empresas e líderes possuem características frágeis que lhes trazem riscos e ameaçam os negócios e equipes, dando a sensação de que estão com uma espada em seu pescoço?

 

O que é ser Robusto?

Imagem contém um pássaro de fogo, conhecido como Fênix. Texto em destaque: O que é ser Robusto?

 Na tentativa de resistir a temporadas ruins, muitas vezes causadas por fragilidades, algumas equipes se tornam robustas, e para  explicar esse segundo conceito, o escritor usa outro exemplo.

 A lenda da Fênix surgiu no Egito antigo. Trata-se de uma ave que, quando sentia que ia morrer, fazia seu ninho com incensos e ervas para ser queimada pelos raios de sol e depois, das cinzas, ela renascia completamente renovada.

 Essa história representa muitas coisas positivas: a imortalidade, a resistência, a força e muito mais. Só tem um problema, toda vez que a Fênix renasce ela é mesma ave de antes, ela não se transforma, não evolui.

 Para Taleb é preciso mais do que isso, é preciso aproveitar situações de caos para se transformar e não se conformar em ser o mesmo.

 

Enfim, antifrágil

Imagem contém monstro com várias cabeças, e Hércules à frente dele pronto para uma luta. Texto em destaque: O que é antifrágil.

O Antifrágil é representado pela história da Hidra. Conta a lenda da mitologia grega que ela era uma besta fera, metade mulher e metade serpente, que possuía várias cabeças. Era praticamente invencível, pois toda vez que alguém cortava uma de suas cabeças, nasciam duas no lugar.

 Para os gregos as cabeças do monstro representam os pecados ou defeitos de personalidade, mas Taleb exalta no livro o fato de que, para a Hidra, perder uma cabeça a tornava mais forte e poderosa.

Assim a antifragilidade mostra que é possível aproveitar falhas, erros e caos para evoluir e se tornar mais forte.

 

Como se tornar antifrágil?

Antifragilidade não é uma metodologia como muitos acreditam, é um comportamento, uma postura que pode ser adotada por pessoas, líderes e empresas.

 Frágil e antifrágil são termos relativos, é possível ser mais antifrágil que o seu colega e mesmo assim não ser de fato antifrágil, entende?

 Também é importante lembrarmos que nem sempre é possível ser totalmente antifrágil. Então pense o seguinte: se não puder praticar a antifragilidade, prefira ser robusto do que frágil.

Você deve estar pensando: como fazer isso? Vou te dar algumas dicas e apresentar alguns conceitos do livro que podem te ajudar.

1-  Leia o livro de Taleb

 Essa é a primeira dica e considero a mais importante, existem muitos artigos falando sobre o tema, mas nada se compara ao que é ensinado no livro, com as palavras do próprio autor. 

Acredito que esse seja o primeiro passo para se aprofundar nesse tema que pode te ajudar a evoluir em momentos de crise, como essa do Coronavírus que estamos vivenciando atualmente, por exemplo.

 Quantas empresas poderiam evoluir no meio desse caos? Ainda dá tempo de ler o livro e assumir uma postura antifrágil neste período.

2- Elimine fragilidades.

Um dos conselhos mais importantes de Taleb é justamente eliminar as fragilidades dos sistemas. 

Para ele é melhor ser robusto do que ser frágil e só conseguimos isso identificando ponto frágeis e eliminando-os sempre que possível. 

 Se Dâmocles pudesse eliminar aquela espada de cima da sua cabeça, continuaria tranquilamente a curtir seu dia de rei, concorda? 

Então, fragilidades tiram seu foco e sugam sua energia, por isso nas empresas é preciso avaliar todas as situações que possam caracterizar fragilidade e eliminá-las sempre que possível. 

Por exemplo, dívidas são uma fragilidade para as organizações, então é melhor não tê-las. 

3- O poder dos estressores

“Sistemas complexos são enfraquecidos, até mortos, quando privados de estressores.” – Nassim Taleb.

 Se você reduz a fragilidade pode conseguir um sistema mais robusto, mas é preciso tomar cuidado para não agir como um pai super protetor, que priva seu filho de experiências importantes para a própria evolução.

 Muitas vezes intervir em uma situação pode até piorá-la, isso acontece com frequência na medicina, quando um tratamento desencadeia problemas maiores do que a própria doença.

O nome disso é intervencionismo ingênuo. Taleb aconselha que quando você não sabe como uma intervenção vai se desenrolar e impactar o problema atual, é melhor não intervir.

 4- Teste do tempo

O teste do tempo pode ser um parâmetro importante para medir a confiabilidade de algo. Na maioria das vezes é melhor investir recursos e dinheiro em coisas que já foram testadas e aprovadas há mais tempo.

 Por exemplo: empresas que tem mais de 10 anos no mercado, com uma boa gestão, podem ser mais duráveis e confiáveis do que aquelas que acabaram de surgir. 

Este ‘teste do tempo’ é chamado também de efeito Lindy. Nos anos 60 observou-se que quando um comediante tinha mais de dez anos de carreira, as chances dele continuar trabalhando por muito mais tempo eram maiores. 

Pensar nessa lógica pode nos ajudar a tomar diversas decisões relacionadas a investimentos, liderança e gestão de negócios.

5- Preservar e arriscar

Já ouviu falar de Efeito Barbell? Este termo já foi citado em outras obras de Taleb e é bem simples de entender. 

Se isentar totalmente de riscos não é positivo no antifrágil, mas também não significa que você deve sair por aí se arriscando sem pensar nas consequências. 

A sugestão de Taleb para se arriscar e ao mesmo tempo se preservar é usar a estratégia do efeito Barbell, na qual a maior parte dos seus recursos é preservada e apenas uma pequena parcela é arriscada.

Na maioria das vezes essa amostra não trará grandes ganhos, mas vez ou outra pode te surpreender. Nos investimentos é fácil de entender esse conceito, Taleb aconselha concentrar 90% do capital em investimentos seguros e diversificados e arriscar apenas 10% em aplicações mais ousadas. 

 Em empresas é comum que as pessoas e equipes busquem se blindar totalmente dos riscos, mas é importante permitir uma margem de erro e, em alguns casos, como em equipes criativas, por exemplo, até incentivar esses erros para que as pessoas evoluam a partir deles. 

6- O NÃO pesa mais que o sim.

 Esse conceito ensinado por Taleb é muito interessante, ele sugere que devemos remover aquilo que não dá certo, ao invés de acrescentar aquilo que talvez dê certo.

 Pode ser difícil entender o benefício disso, pois geralmente as pessoas preferem a ação, mas segundo o autor o ideal seria sempre agirmos pela via negativa, nome do conceito que nos ensina que o não é mais importante que o sim, ou seja: o que não fazer é mais relevante do que o que será feito.

Isso envolve dizer não, retirar o que não é necessário, reduzir recursos e subtrair, antes de acrescentar. É aquele velho ditado: menos é mais.

7- Aconselhe-se com quem arrisca a própria pele.

 Se todos os políticos brasileiros só pudessem se consultar no SUS, você acredita que teríamos um sistema de saúde mais digno? No mínimo esses representantes políticos teriam mais conhecimento de causa para reivindicar nossos direitos, concorda? 

É disso que se trata o conceito do livro “Arriscando a própria pele. Taleb diz que cada vez menos pessoas assumem as consequências de suas ações na sociedade moderna e isso é um grande problema.

Ele diz que devemos nos aconselhar com quem tem conhecimento de causa em determinado assunto, pois muitas pessoas têm dado opinião a respeito de coisas nas quais não estão verdadeiramente envolvidas.

 Além disso, quando as pessoas arriscam a própria pele, as chances de um trabalho bem feito acontecer são maiores.

 

Gostou? Então se apegue menos a certezas.

Acredito que até aqui ficou claro o que é antifrágil e como assumir uma postura antifrágil a seu favor em todas as áreas de sua vida, inclusive nos negócios, gestão de equipes e investimentos.

 Uma das grandes lições que você poderá tirar dessa leitura transformadora é justamente que não dá para planejar tudo e tudo bem! Pense sempre no que vai acontecer caso suas certezas estejam erradas.

A melhor forma de se arriscar é entendendo que se der certo você ganhará muito e se der errado perderá pouco, mas o mais importante é como você se comporta em meio ao caos e se sua postura realmente será antifrágil.

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