Descubra como o microgerenciamento pode destruir sua cultura de home office
por Suelen Hofrimann em 05/08/2020
Se em tempos normais o microgerenciamento já era nocivo na liderança de equipes, imagina agora com a ascensão do home office! Times e líderes microgerenciadores tendem a sofrer mais para se adaptar a este novo cenário, que exige autonomia e confiança dobrada de todas as partes.
O microgerenciamento é um estilo de liderança em que o líder exerce um controle exagerado sobre a equipe, centralizando a gestão – e por vezes a própria execução – de todas as demandas da área somente nele próprio.
Em outras palavras, é aquele gestor que está sempre acompanhando e controlando tudo o que os colaboradores estão fazendo, que não dá espaço para autonomia e tem dificuldades para delegar tarefas.
Já entendeu do que se trata, não é mesmo? Eu aposto que já estão vindo nomes à sua mente, talvez um antigo chefe ou um líder do atual trabalho, afinal pelo menos uma vez na vida todos nós encontraremos microgerenciadores no caminho profissional.
Porém, nossa conversa de hoje não é para falar dos outros, mas sim de você que é ou deseja um dia ser um líder:
- Para quem já lidera: será que você está exercendo o microgerenciamento na sua equipe sem nem mesmo perceber?
- Para quem ainda vai liderar: como não se tornar um microgerenciador?
Vamos entender por que o microgerenciamento pode acabar com a sua cultura de home office e limitar o potencial da sua equipe.
Os males do microgerenciamento
Microgerenciamento nada mais que um exemplo perfeito de gestão controladora. Esse modelo muitas vezes pode parecer funcionar a curto prazo, mas em um longo período vai acabar gerando diversos problemas para as equipes, independente se trabalham presencialmente ou em home office.
Chamamos de microgerenciamento porque esse tipo de gestão se apega às pequenas coisas, ao invés de focar nas macro demandas dos times, prática que torna a equipe dependente desses líderes.
Mesmo depois de avançarmos tanto nas relações de trabalho e na tecnologia e termos formas mais saudáveis de “controlar” a produtividade e entregas de uma equipe, ainda existem muitos microgerenciadores por aí e muitas empresas que até incentivam esse tipo de liderança.
Isso porque o microgerenciador costuma passar a impressão de que é muito comprometido com o trabalho, afinal, ele está sempre monitorando tudo, assumindo demandas que deveriam ser delegadas à equipe e garantindo que tudo saia como ele quer.
Mas não devemos nos enganar, esse tipo de gestão impede o desenvolvimento e autonomia das equipes, causa insegurança e impede que os integrantes inovem na sua forma de trabalhar.
Agora, já imaginou equipes remotas tendo que lidar com microgerenciadores? Quer saber quais são os males desse tipo de gestão no home office?
Vou listar para você.
Como o microgerenciamento atrapalha no home office?
Os males que o microgerenciamento pode gerar no home office são quase os mesmos do trabalho presencial, porém agravados pela relação mais distante entre os membros da equipe.
Podemos dizer que o microgerenciamento gera:
– Insegurança
Os membros das equipes sentem que precisam do líder o tempo todo. No home office, eles perdem a segurança de tomar decisões imediatas para pequenas coisas, pois tem medo de desagradar o líder. E como a comunicação nem sempre é imediata perde-se muito tempo esperando o gestor decidir ou aprovar as demandas.
– Desgaste
Lideranças microgerenciadoras não dão espaço para erros e, geralmente, estabelecem muita pressão em cima dos liderados. O descontentamento da equipe a longo prazo pode gerar desgaste e, em casos mais drásticos, levar os membros do time a desenvolverem Síndrome de Burnout.
Além disso, no home office a rotatividade dos funcionários, pode aumentar, pois as equipes geralmente não têm uma ligação tão próxima e se tiverem a oportunidade, com certeza mudarão de emprego.
– Pouco desenvolvimento das pessoas
O trabalho remoto naturalmente traz diversos desafios em relação ao desenvolvimento das pessoas e com o microgerenciamento isso pode ser ainda pior. Isso porque esse tipo de gestão dificulta que os membros da equipe inovem, questionem e produzam coisas novas. Assim, os times se tornam limitados e os profissionais têm dificuldade em aprender novas atividades de diferentes perspectivas (pois seguem sempre a visão do gestor).
– Falta de confiança e desconforto
Uma cultura de home office só é possível e bem sucedida se baseada na confiança, aliás se as empresas não aderiram antes ao trabalho remoto, em partes, se deve à falta de confiança e crença de que se deve controlar cada passo do colaborador. Os microgerenciadores já têm como característica não confiar nos membros do time e o desconforto nesse cenário é inevitável.
– Lideranças desgastadas
O próprio líder microgerenciador se prejudica exercendo esse modelo de gestão, pois ele acaba assumindo muitas tarefas que deveriam ser demandadas. Assim ele acaba ficando sobrecarregado e estressado por se cobrar demais.
Esses, entre outros, são alguns dos malefícios do microgerenciamento no home office.
Agora eu vou te mostrar como identificar lideranças microgerenciadoras (mesmo que o líder seja você mesmo, ok?)
Identificando o microgerenciamento
Para ser justa devo dizer que, geralmente, o microgerenciador não é assim por mal. Esse comportamento pode ser proveniente da personalidade do gestor, mas também pode ser um sinal de inexperiência comum em jovens líderes.
Mudar esse cenário depende primeiramente de tomar consciência das próprias atitudes. Para isso vamos fazer uma brincadeira, ok? Aqui embaixo vou deixar um checklist com as principais características dos líderes microgerenciadores.
Responda com sinceridade, e se quiser respostas de outras perspectivas, envie o questionário para um de seus liderados responder por você (se você não é um líder, responda pensando nos líderes ao seu redor).
Quiz do microgerenciador
1 – Insegurança: Você (ou seu líder) tem medo da sua equipe não dar conta do trabalho e acha que precisa estar sempre atento para garantir que tudo dê certo? Marque 10 pontos.
2 – Multitarefas: Você assume com frequência atividades que deveriam ser feitas pelos membros da equipe? Marque 10 pontos.
3 – Erros incomodam – Você sente que as atividades a serem feitas pela sua equipe não podem conter erros e prefere acompanhar tudo de perto para garantir que tudo dê certo? Se sim, marque mais 10 pontos.
4 – Demandar não é fácil – Seu lema é: se quero algo bem feito faço eu mesmo. As pessoas costumam dizer que você precisa aprender a demandar – Se for o caso, marque mais 10 pontos.
5 – Gestão centralizada – Você sempre prefere ser consultado sobre as decisões que os membros da equipe tomam sobre as tarefas – Sim? Mais 10 pontos pra conta.
6 – Falta de inovação – Você sente que sua equipe não fará um trabalho de qualidade se não seguir o método que você gosta – Marque 10 pontos
7 – Dependência – Seu sentimento é que, se você não monitorar, a equipe não produzirá o suficiente e que você precisa acompanhar de perto para garantir a qualidade das ações – 10 pontos.
8 – Controle exagerado – Você atualiza os dados todos os dias, pede relatórios além do necessário e quase não percebe diferença nos resultados entre eles (afinal, olhando todo dia, não dá nem tempo de mudar nada). Marque 10 pontinhos.
E aí, marcou quantos pontos?
A ideia é a seguinte, quanto mais pontos você marcou, mais próximo do microgerenciamento sua gestão está. Este não é um jogo de ganhar ou perder, mas de refletir.
Se você respondeu sim para alguma das perguntas, mesmo que tenha sido apenas uma ou outra, reflita sobre quais atitudes você está tomando que estão te levando pelo caminho do microgerenciamento. Para ter certeza dos resultados, peça um feedback sincero para os membros da equipe e busque corrigir a tempo essa postura.
Independente se será presencial ou a distância, as relações atuais de trabalho exigem confiança, exercite desenvolver sua equipe para que ela tenha autonomia, autogestão e maior comprometimento com os resultados.
Espero que você tenha gostado dessa leitura! Deixe aqui nos comentários quantos pontos você ou seu líder marcaram e nos conte se você já foi ou já teve que lidar com um microgerenciador antes.
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