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Como será 2023 para o setor automotivo? Anfavea prevê crescimento de 5%


Segundo projeção da Anfavea, o mercado de venda de veículos deve crescer pelo menos 5% em 2023, superando o desempenho deste ano. 2022, por sua vez, se despede entregando resultados melhores do que em 2021.

Em novembro, o setor registrou o emplacamento de 342.819 veículos, uma alta de 8,2% comparado ao mês anterior. Considerando o acumulado de janeiro a novembro, já temos um crescimento de 4,5%. Andreta Junior, Presidente da Fenabrave, considera os resultados dentro do esperado.

Tanto Fenabrave quanto Anfavea esperam que o próximo ano seja de crescimento, mas quais serão os desafios enfrentados pelo setor em 2023?

 

Desafios do setor automotivo em 2023

 

Alguns desafios já conhecidos em 2022 devem se estender a 2023 também, mas a tendência é que o mercado caminhe para uma estabilidade. Embora não seja suficiente para resolver todos os problemas, a tendência é que seja um ano equilibrado, com forte expectativa para melhora expressiva do cenário em 2024. Mas até muitas águas ainda vão rolar, vejamos algumas situações que terão impacto no setor.

 

O problema dos chips

 

O setor automotivo, como um todo, é bastante dependente das montadoras e da sua capacidade de produzir novos veículos. Grande parte da crise no setor se desenrolou pelo gargalo causado pela escassez de insumos, especialmente chips. Chips são pequenos circuitos integrados que são utilizados em diversos produtos eletrônicos, incluindo automóveis. Com o crescimento do mercado de tecnologia e a necessidade de diminuição de poluentes, a demanda por esses componentes têm aumentado drasticamente. Para se ter ideia, um veículo comum costumava utilizar cerca de 300 microchips, hoje utiliza de 1200 a 1500. Com o surgimento de novas tecnologias de direção autônoma e motorização elétrica, a tendência é que sejam necessários ainda mais insumos como esse.

No entanto, devido à guerra e outros fatores, a produção de chips não tem acompanhado esse crescimento de demanda. Isso tem causado atrasos nas linhas de produção de carros e aumentado os custos para as montadoras. Algumas montadoras, inclusive, têm sido forçadas a reduzir temporariamente a produção devido à falta de chips.

Este problema deve persistir ainda em 2023, mas espera-se que tenha menos impacto do que em 2022. O governo e entidades do setor têm buscado formas de solucionar a questão no país através de concessões, investimentos e parcerias com empresas interessadas em instalar fábricas de microchips em solo brasileiro. 

Embora as iniciativas sejam interessantes, não devem ser suficientes para resolver totalmente a questão em 2023. Segundo o presidente da Anfavea, é possível que uma diminuição dos juros no país aqueça o setor. Com demandas maiores, a dificuldade de obtenção dos componentes eletrônicos pode ser uma barreira para um crescimento mais expressivo das vendas de automóveis. No entanto, caso seja resolvido paliativamente, o crescimento pode chegar a 10%, de acordo com a projeção da Anfavea.  

 

Logística automobilística

 

O setor automotivo enfrenta diversos desafios logísticos, desde a aquisição de materiais necessários para a produção de veículos até a entrega aos clientes finais. Em um país grande como o Brasil, é compreensível que essa questão traga impactos à produção. 

Uma das principais dificuldades é a gestão de uma cadeia de suprimentos global, já que muitas montadoras dependem de fornecedores de todo o mundo para obter os materiais necessários. Isso pode levar a atrasos e aumentar os custos de produção.

Nos últimos anos, devido à falta de insumos em determinadas regiões, a importação de determinados materiais tem sido inevitável, o que pode impactar nos custos, prazos e demandas. Os impactos também se estendem a veículos importados, já que se torna mais caro transportá-los até os pontos de venda de todo o mundo. 

Além disso, a logística também lida com a dificuldade na distribuição eficiente de peças de reposição e serviços de manutenção para atender às necessidades dos clientes. Para vencer estes desafios em 2023 é necessário inovar através de formas logísticas mais sustentáveis.

 

Produção de veículos que o Consumidor deseja

 

Andreta Junior deu a seguinte declaração em entrevista à Jovem Pan: “Nós dependemos muito da produção de automóveis hoje. A produção, por causa da logística, falta de peças, o que ocorreu durante o ano, nem sempre a montadora consegue produzir o que o cliente quer.”

Isso aponta a dificuldade que o setor vem enfrentando para atender às expectativas dos clientes. Embora as taxas de juros estejam elevadas, o consumidor não está disposto a abrir mão dos seus desejos consumindo apenas o que as montadoras conseguem produzir. Segundo o presidente da Fenabrave, ao invés de abrir esse tipo de concessão, existe uma parcela significativa de consumidores que preferem adaptar-se diminuindo a entrada ou aumentando o número de parcelas para ter o automóvel dos sonhos.

 Caso as montadoras consigam resolver essas questões em 2023, é possível impulsionar o crescimento do setor. Andreta Junior complementa dizendo “no fundo, o cliente quer o automóvel que ele quer comprar, não aquele que, às vezes, a montadora consegue produzir.”

 

Problemas da economia brasileira

 

Ainda é difícil projetar o que vai acontecer com a economia brasileira no próximo ano. Atualmente há diversas dificuldades a serem vencidas, incluindo alta inflação, desemprego elevado e crescimento econômico lento. Esses problemas podem afetar o setor automotivo de várias maneiras.

De acordo com as associações de concessionários que representam Volkswagen e Fiat, a taxa de juros foi a principal vilã da redução de demanda de 0 km em 2022. Espera-se, portanto, que uma possível diminuição impulsione o crescimento do setor.

Marcio Leite, Presidente da Anfavea, comentou em entrevista que “considera um desafio trazer este consumidor de volta e a solução é uma mobilidade a custo mais baixo”. 

Com um cenário econômico mais favorável, é possível vislumbrar um 2023 promissor para o setor automotivo.

 

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